sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Trabalhar a noção do corpo no idoso


Toda a nossa forma de comunicação com um mundo exterior está intimamente ligada com o nosso corpo. Para que esta comunicação seja feita de forma adequada, é necessário a “consciência, o controlo e a organização do próprio corpo”. Vayer (1977 pag. 71). Entretanto a organização corporal inicia-se desde muito cedo no bebé, através da “experiência visceral.” Fonseca (1972 pag. 1). O passo seguinte do desenvolvimento do bebé com o mundo é feito através do processo designado por motricidade estática, ou seja, a cópia por imitação do meio envolvente, em particular da mãe. “Na exploração estática, a motricidade apresenta um aspecto global, anárquico e inadaptado, traduzindo automatismos primitivos e exteriorizações reflexas, que se vão perdendo progressivamente, para dar lugar mais tarde a uma orientação do movimento. A boca é o meio de relação com o exterior, todos os objectos têm de ser “inspeccionados” pela boca (espaço bucal de Stern).” Fonseca (1972 pag 4).

“A marcha bem com o desenvolvimento auditivo, a mímica, o simbólico e o grafismo sãos os dados indispensáveis à formação da inteligência abstracta”. Fonseca (1972 pag. 5) Assim para que o idoso  mantenha a sua qualidade de vida é essencialmente necessário a manutenção desse conjunto de elementos diarimante naqueles que estão em idade avançada. Essa manutenção pode ser desenvolvida de uma forma dinâmica e prazerosa. 

Segundo Vayer (1977 pag. 71) “O corpo é a referência permanente”. O indivíduo está constantemente a desenvolver esta função. A noção do corpo “encontra-se permanentemente em evolução, não apresenta portanto, qualquer limite de maturação situada no tempo, ela é uma estrutura inacabada e que se enriquece durante toda a vida…” Fonseca (1972 pag. 4). 

A noção do corpo é uma dialéctica entre a motricidade e o meio envolvente. Ela é de vital importância para o bom funcionamento da comunicação, da tonicidade, do equilíbrio, da  lateralização e das praxias. Pierre Vayer define a noção do corpo como uma tomada “da consciência de si próprio, dos elementos corporais, da respiração, da coordenação corporal e do equilíbrio corporal”. Vayer (1977 pag. 71) “Como um mapa, a noção do corpo é indispensável «para navegar» no espaço.”Fonseca (2007 pag. 197) Para o bom desempenho de todas as actividades psicomotoras é necessário que o indivíduo tenha plena noção do corpo que está relacionada com a “noção do tamanho e de peso, com a informação do envolvimento, dos outros, com a informação da gravidade, com a lateralização relativa da situação, com os movimentos anteriores (engramas) armazenados, numa palavra, com todas as informações necessárias para produzir acções intencionais”. Fonseca (2007 pag. 197). Em suma, a noção do corpo é “o resultado de uma integração sensorial cortical, que participa na planificação motora de todas as actividades conscientes, pois por meio dela atingimos a matriz espacial das nossas percepções e das nossas acções.” Fonseca (1985  pag. 285).  

Como teste para verificar a capacitação da noção do corpo é utilizado o sentido cinestético. Para Cadima e altri (1985) A cinestesia é baseada em vários tipos de “estímulos sensoriais (musculares, tendinosos, articulares e cutâneos)”. A cinestesia que avalia a capacidade de detectar o grau de conhecimento integrado que existe seu corpo.” Fonseca (2007 pag. 202). Estes testes são basicamente feitos através de toques no corpo que devem ser identificados, cumprimento de ordens verbais relacionadas com direito-esquerdo, conhecimento do próprio corpo com olhos vendados ou fechados e imitação de gestos. Cumpre aos gerontólogos desenvolver meios para aplicar essas ferramentas  no âmbito da promoção do envelhecimento saudável e bem sucedido. 

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