quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Fatores que afetam a saúde

Por Manuel Ferro

Se perguntássemos às pessoas na rua quais são os fatores que elas acham que mais determinam a sua qualidade de vida e quanto tempo vão viver, muitas das respostas que obteríamos apontariam os traços herdados (a hereditariedade, os fatores genéticos) como número um. É vulgar ouvirmos as pessoas dizerem, referindo-se aos seus problemas de saúde: “Eu tenho este problema, mas o meu avô já o tinha, o meu pai também, e a minha tia…” E é certo que, nalguns casos, recebemos dos nossos ancestrais uma “herança” genética já algo debilitada e alterada (eu diria mesmo, estragada), o que nos predispõe para certas doenças.

Mas a verdade é que, para a grande maioria de nós, a nossa saúde depende de outros dois fatores: 1) daquilo que metemos no nosso corpo, e 2) do que fazemos com o nosso corpo. Ou seja, depende do nosso “estilo de vida”. Se é certo que não podemos mudar a nossa herança genética (embora hoje a engenharia genética já tente fazer “arranjos” no maltratado ADN que alguns de nós recebemos), não é menos certo que podemos mudar o nosso estilo de vida. As escolhas que fazemos no nosso dia-a-dia, no nosso estilo de vida, podem prevenir ou potenciar o desenvolvimento de doenças para as quais teremos (hipoteticamente) uma predisposição genética. Alguém dizia, com muito acerto: “A genética estragada carrega a arma, o estilo de vida puxa o gatilho.”

Fonte: Revista Saúde & Lar Setembro de 2012 nº 779

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

O consumo de Oxigénio e a Capacidade Funcional do Idoso


Resultado de imagem para idoso respirando ar puroNo processo do envelhecimento há a diminuição das capacidades físicas do indivíduo, principalmente a capacidade aeróbica. Segundo Silva (2006, p: 31), este processo é causado pelo “declínio gradual do consumo máximo de oxigénio” mais conhecido como “VO2 max”. Entretanto a diminuição do “VO2max” pode ser causada por vários motivos tais como; doença, vida social ou sedentarismo. Bortz (2001 p: 45). Quanto mais o geronte se movimentar, mais retoma o seu “VO2max” promovendo assim a saúde e combatendo de uma forma saudável os efeitos naturais do envelhecimento.
A retoma deste fator é gradual e não se pode esperar por uma mudança de um dia para o outro. A persistência é um fator necessário. Daí a necessidade de um exercício físico  planeado e metódico como sugeriu Ogden (2004) a começar o quanto mais cedo possível. Esta afirmação está em harmonia com a investigação de Gupta (2009 p: 77) onde foi concluído que “os idosos sedentários que se submeteram a um programa semestral de exercício, como caminhada ou corrida, ciclismo e alongamentos, foram capazes de melhorar a eficácia no envio de oxigénio para os músculos até níveis próximos aos de pessoas na casa dos 20 e 30 anos.”

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

O Segredo da Longevidade com Saúde


A revista National Geographic de Janeiro de 2006 apresenta um artigo sobre a longevidade de diversos povos entre eles um grupo de aldeões de Okinawa, da Sardenha, e um grupo cristãos Adventistas do 7º Dia da cidade de Loma Linda, Califórnia, como campeões de longevidade. Entre eles destacam-se idosos de 103 a 112 anos que ainda conduzem, fazem caminhadas e andam de bicicleta diariamente. Um dos aspetos indicados é o facto de estas pessoas participarem ativamente de ações denominadas, como “boas práticas”, das quais mencionam o exercício físico e consequentemente uma alimentação saudável. Buettner (2006 p: 9).

A relação entre o exercício físico e a longevidade parece estar intrinsecamente ligadas entre si e encontra apoio em muitos investigadores. Para Barata e altri (1997 p:233) “a longevidade é um conceito que é influenciado pelo exercício, pelos níveis de condição física e por outros comportamentos que constituem o estilo de vida do indivíduo”. Em concordância com esta afirmação Sardinha (1999 p: 48) sugere que “ o principal benefício de uma vida ativa está associado à redução da morte prematura.” 

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

O Exercício Físico e a Tonicidade do Geronte


Inúmeros investigadores, já escreveram sobre o exercício físico não só como elemento curativo mas também preventivo. Com o passar do tempo o idoso começa a perder capacidades no plano físico, psíquico e cognitivo. É a evolução do processo da “retrogénese psicomotora”, como salientou Fonseca (1998 p:8). É preciso uma intervenção sábia e adequada. O exercício físico poderá ajudar grandemente para que o idoso mantenha o tónus muscular em condições favoráveis ao bom desempenho de suas funções. Monteiro (2008 p:7) realça o exercício físico como um dos fatores essenciais na vida do idoso quando esse está ligado ao processo do envelhecimento. “Envelhecer é verbo, ação, continuidade”.

Segundo Fonseca (2007) é na tonicidade ou a partir dela que se desenvolve todo o nosso contacto com o mundo exterior. A tonicidade está diretamente ligada não somente com o nosso corpo físico como também com as nossas funções psicossomáticas. Desta forma pode-se dizer que os benefícios do exercício físico englobam o indivíduo na sua totalidade. Para Barata (1977 p:228) “a diminuição da força nos idosos não é apenas devido à diminuição da massa muscular, mas também à perda de inervação motora”.  

Para Veríssimo (1991 p:121): “À medida que a idade aumenta tornam-se mais frequentes as doenças crónicas e as intercorrências agudas, sendo várias as situações em que o exercício físico regular parece ter um efeito positivo”. 

domingo, 21 de outubro de 2012

Osteoporose e o Exercício Físico


Embora entendamos que envelhecimento não seja sinónimo de doença, Thiebauld e Sprumont (2009, p:41) postulam que “a senescência é caracterizada pela perda de tecido ósseo que fragiliza o esqueleto”. 
Para Vieira (2009, p: 152) a inatividade física, para além de outros fatores apresenta uma grande contribuição para o aparecimento da osteoporose. 
Barata e altri (1997 p: 229) enfatizam que os idosos ativos têm uma diminuição, menos acentuada, de massa óssea.
Lexell, Robertson, at al (apud Thiebauld e Sprumont 2009, p:36) revelam que “a prática de exercício físico é salutar porque permite conservar a densidade óssea e retardar a perda de fosfato de cálcio”.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Exercício Físico: uma necessidade vital


A partir do séc. XIX iniciou-se nos E.U.A a reforma da saúde. Um dos livros mais antigos deste período é uma pequena obra intitulada Healthful Living da autora Ellen G. White editado em 1897. Este livro realça a  da atividade física para a saúde do indivíduo. Em 1900 a mesma autora escreve um livro mais abrangente intitulado Ministry of Healing, que foi traduzido para o português sob o título “A Ciência do Bom Viver”. Este livro mostra a necessidade do exercício físico para um viver saudável. Esta autora que viveu numa época em que as pessoas habitavam em casas sombrias sem uma boa circulação do ar, teve a ousadia de desafiar os médicos da época ao escrever: “o exercício ao ar livre devia ser prescrito como necessidade vital”. White (2004 p: 265).
A Associação Portuguesa de Medicina Preventiva em parceria com a Associação Internacional de Temperança apoiam o conceito de Ellen G. White que por sua vez classifica o exercício físico com um dos oito remédios naturais para “aumentar a nossa qualidade de vida e contribuir para a recuperação da saúde” Ferreira (2004 p: 2). Já aqui vemos o exercício físico atuando como um fator preventivo e curativo.
A importância do exercício físico nunca foi tão abordada, como nos nossos dias. Praticamente quase todos os tabus já foram investigados e fazem parte da história.  

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Caminhar para um viver mais e melhor


"Há bastante indícios de que um par de tenis bem usados aumenta as suas capacidades mentais. O exercício mantém o fluxo de sangue no cérebro e promove ligações entre as células nervosas. O estudo da Universidade de Pittsbugh concluiu que, quando as pessoas de idade caminham 9 a 15km por semana, são menos suscetíveis ao declínio mental. Outros estudos segerem 15 minutos de caminhada por dia para fazer a diferença. 
Uma investigação sueca publicada em 2005 na Lancet Neurology concluiu que meia hora de caminhada na meia-idade, duas vezes por semana, reduz significativamente o risco de Alzheimer mais tarde na vida". 

Fonte: Seleções Reader's Digest - Outubro de 2012




domingo, 7 de outubro de 2012

O Turismo das Emoções


Quando aludimos sobre a importância de trabalhar as emoções no idoso através das opções de turismo   estamos a falar num modelo de intervenção que não somente acrescenta dias à vida mas que acrescenta acima de tudo vida aos dias. A esse modelo de turismo, passo a chamar de Turismo das Emoções.

Para Bomfim (2011, pw) “Quanto maior for a intensidade da emoção, tanto maior será a tendência de que sua influência seja sentida em nossas atitudes, crenças e relacionamentos.” Como bem frisou Darwin (2006, p:193) “Devido à estimulação do prazer, a circulação torna-se mais rápida, os olhos brilham mais e o rosto adquire umas cores mais vivas. Ao ser estimulado por um aumento do fluxo sanguíneo o cérebro reativa as capacidades intelectuais, as ideias fervilham na mente com mais nitidez e avivam-se os afetos.” 

Desta forma, o turismo das emoções deve estar centrado na pessoa. Como sugeriu Vieira (2007, p:17) o que define o turismo são as pessoas e não os recursos, só existindo turismo se houver essa vivência emocional, no local onde ela se pode viver”.

Mas o próprio planeamento de uma viagem ou excursão está cheio de momentos de prazer. Mesmo que o evento não venha a acontecer, o próprio folhear das brochuras já é uma viagem através das emoções. Como postula Tocquer e Zins (2004, p:117) “as brochuras, os guias e os desdobráveis são uma fonte de informação”. Entretanto, arriscar-me-ia em dizer que as brochuras são fontes para desencadear emoções. Os olhos vêm e o coração sonha. Assim, o Gerontólogo que se empenha no turismo como uma oportunidade de intervenção é um vendedor de sonhos.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Saúde Emocional


Segundo Neufeld (2011, p: 6) “As emoções positivas podem trazer um sentimento de satisfação e bem-estar; as negativas tendem a provocar dor e angústia. Embora as primeiras possam promover saúde mental, uma exposição prolongada às emoções negativas pode provocar problemas comportamentais e relacionais. Assim, as emoções podem desempenhar uma parte importante em nosso bem-estar global”. A Afirmação de Neufeld vem de encontro com a orientação do sábio Salomão que escreveu: " O coração alegre é bom remédio, mas o espírito abatido faz secar os ossos". Provérbios 17:22

Nas suas investigações, Martin & Boeck (1999, p:32) entenderam que “As emoções são mecanismos que nos ajudam das seguintes formas:

*  "Reagir com rapidez perante acontecimentos inesperados";
*  "Tomar decisões com prontidão e segurança";
*  "Comunicar de forma não-verbal com outras pessoas.”

Para Bomfim (2011, pw) “Quanto maior for a intensidade da emoção, tanto maior será a tendência de que sua influência seja sentida em nossas atitudes, crenças e relacionamentos.”

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Humanitude


De acordo com Boris Gineste e Pellissier (2008, p:17 e 18), o Homem nasce duas vezes: Hominídeo: “marcado pela extrema vulnerabilidade. Incapaz de perceber o seu meio envolvente e de se proteger; medo de morrer ou  ser abandonado”, etc. A outra forma o homem nasce, segundo os autores já mencionados é o homem Humano: “quando entra para a sociedade do Homem (…) quando entra numa rede de trocas e de estimulações que irão levar a desenvolver as características da humanidade.” Gineste e Pellisier (2007,p:30) salientam ainda que “(…) somos constantemente seres comovedores e comovidos, seres de emoções”. Esse conceito é interessante pois faz-nos pensar que podemos sempre desenvolver mais humanidade e compaixão com as pessoas do nosso raio de ação e com pessoas com as quais trocamos experiências ao longo do dia. 

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Turismo das Emoções


Happy senior citizen couple eating ice cream at holidayPara Ferreira (2007; p:39) “teorizar acerca do fenómeno turístico requer o seu devido enquadramento no  mais vasto do lazer”. O conceito de turismo como promoção de lazer e gastos para os idosos deve ser repensado. Stravrakis (apud Baptista 1990; p:40) determina que “o lazer corresponde ao bem-estar do Homem, em si próprio e nas relações com os outros. É uma qualidade de estar, no sentido de poder expandir-se e realizar-se. É uma recriação contínua de ser ou de estar durante a vida”.

O turismo pode ser uma ferramenta que desencadeia bem-estar e emoções agradáveis. Williams (1998) realça a relevância do turismo no que se refere ao aumento da motivação em determinados grupos de idosos. No que toca ao lazer também podemos visualizar a importância do turismo como meio de inclusão, uma vez que o lazer produz descontração e interação. Para Baptista (1990; p:41) “o lazer, num mundo económico, tem uma função de acalmar e distrair o Homem (…). É o balão de oxigênio que permite recuperar as forças para continuar”. Assim, deveríamos repensar o nosso conceito de Homem para entender as suas necessidades aquando da sua fase de idoso...

Amanhã iremos falar sobre o conceito de Humanitude! 


terça-feira, 2 de outubro de 2012

Turismo Sénior


À medida que tomamos consciência do envelhecimento das nossas sociedades, e da inevitabilidade desta tendência a crescer como “uma linha reta dirigida para cima”, Aken (2009, p:47), para as décadas que se avizinham, a nossa sociedade sofrerá uma pressão por parte da população idosa, com novos desafios face ao papel da sociedade. Envelhecer deixou de ser um ato individual para tornar-se um desafio social.

Como sugere Ferreira (2006, p:25) a nossa sociedade é “cada vez mais assumida sociedade do lazer”. Este fenómeno também é uma realidade no meio da população idosa. Um dos relatos mais flagrantes dessa alteração foi apresentado pela CM Lisboa que confirma, num estudo estatístico, que 80% dos turistas que visita a cidade anualmente tem acima de 65 anos de idade. Fontes do European Tourism apontam para o início da grande mudança e da aposta do turismo sénior, a nível internacional, a partir da década de 1980. 

Em 1993 a Organização Mundial do Turismo, em parceria com outras instituições de carater internacional tais como a Organização Mundial da Saúde, Nações Unidas e União Europeia escreveu a Declaração de Mogan em que foi estabelecido o estatuto do turismo sénior, criando o “First International Forum on Tourism for the Senior Citizen”. Esse foi um grande passo para a aposta de mercado de qualidade para o turismo voltado para o idoso. Mas Ferreira (2007, p:52) postula que “sénior será sempre um significado pouco preciso, dado que nos critérios de classificação, existirão estados transitórios cujo veredito final cabe a cada investigador, técnico ou político avalizar”.

Fazer uma distinção entre o turista e o turista sénior requer muito mais que a classificação por idade. Como postula Ferreira (2007, p:51) “ a mera diferenciação dos seniores apenas com base no parâmetro “idade” é, contudo, uma opção redutora e simplista, tanto mais que os outros fatores emergem e ganham relevância, sobretudo quando se aborda este universo populacional na ótica do seu interesse para o turismo”.